14.8.10

1. ANJOS E DEMÔNIOS 1.5. Retratos de um novo tempo

         Após alguns metros Makkotto toca no demônio que se vira assustado:

                    Você? - olha assustado – o que você faz aqui? Está me seguindo? Já não basta o que fez? - indaga com um ar de ódio.

                    Olha, não fui eu quem tirou a essência daquela mulher – fala o anjo na expectativa de argumentar – meu amigo também foi atacado, acho que não é nem anjo e nem demônio, nós não estamos lutando entre si, estamos lutando contra um inimigo comum, eu só te ataquei porque achei que você que estava atacando aquela garota.

         O demônio olha para ele tentando decifrar o que o anjo tinha acabado de falar, ele pede para irem à um local um pouco menos tumultuado e ouve uma afirmativa do anjo. Ambos seguem para longe da rodoviária e param aos pés de uma árvore.

         Envergonhado Makkotto olha para o demônio estende as mãos e com um sorriso amarelado diz:

                    Prazer meu nome é Makkotto qual é o seu nome?

         O demônio começa a rir achando graça da situação e deixando Makkotto sem entender muito o que estava acontecendo:

                    Que bonitinho – diz ele rindo estendendo a mão – Meu nome é Bruno.

         Ambos se cumprimentam e Makkotto continua o diálogo.

                    Eu queria pedir desculpas pelo incidente anterior, não fui eu que ataquei sua amiga, pensei que era você que estava atacando ela, então a quis proteger.

                    Eu acredito em você, aliás, você deu a entender isso, eu que estava de cabeça quente e sem saber o que fazer – diz Bruno com olhar fixo no anjo – não era para eu esperar nada diferente afinal ela tinha conhecido minha face demoníaca.

                    Meu amigo também foi atacado – argumenta Makkotto – consegui derrotar o ser que estava o atacando e impedir que roubasse a essência dele.

                    Então você sabe quem são? - pergunta o demônio.

                    Não exatamente – responde o anjo – ele fugiu, mas sei que não é anjo e nem demônio, é um humano, um humano muito estranho. Um outro anjo muito amigo meu, tem o conhecimento dessas coisas, mas eu não consigo contactá-lo. Existe uma outra pessoa até com mais conhecimento que ele, mas eu não tenho como chegar até ele.

                    E porque não anjo? - pergunta.

                    Porque não tenho como chegar até ele, ele mora em uma cidade mais ao interior do Goiás, não tenho carro e passagem de ônibus para lá só quando os motoristas interestaduais saírem de greve, e a cada momento que passa mais pessoas podem perder suas essências – responde Makkotto.

                    Também quero saber o porque disso – diz o demônio – perdi minha amiga, ela não quer me ver mais e até espalhou que sou um demônio para alguns amigos nossos em comum, apesar de eu achar que eles não vão acreditar, mas se for dinheiro que você quer para chegar até essa pessoa, não se preocupe porque eu tenho e eu te levo a qualquer lugar do mundo, mas eu tenho que ir junto, quero fazer parte disso e sinto o quanto parece ser importante e quero ajudar a acabar com isso, afinal somos seres diferentes e não temos motivos para brigar.

         Makkotto sorri e concorda, diz que eles sairão logo de manhã, passa o telefone para Bruno e diz que estará esperando ele na Torre de Tv, ponto turístico de Brasília, eles conversam mais um pouco sobre o acerto do encontro e logo se despedem.

                    Você não sabe como estou feliz – diz Bruno - achei realmente que tinha feito alguma injustiça com você e agora ainda sou amigo de um anjo, quem disse que anjos e demônios não podem estar juntos.

         Makkotto ri da conveniência da situação e parte. Vemos que momentos depois o anjo tenta entrar mais uma vez em contato com Gabriel, mas a tentativa foi novamente frustrada, então parte para casa, pois sabe que o dia seguinte será bastante decisivo e muito tumultuado.

  

9.8.10

1. ANJOS E DEMÔNIOS 1.4. Esposizione


         Marcos que ainda permanece no chão está pasmo, Makkotto pede pra ele ir ao restaurante que eles iriam almoçar que logo ele apareceria lá. Ainda sem chão ele se levanta e parte sem que muitos percebam, afinal o anjo está chamando muita atenção. Ao ver Marcos partir, Makkotto alça vôo até um local distante e sem movimento onde volta a aparência humana.

         Ao chegar nas mesas do restaurante, Makkotto acha Marcos e se senta junto a ele, que por sinal já tinha pego seu prato, Marcos o trata como se nada tivesse acontecido, Makkotto se dirige ao balcão e pega seu almoço, ambos almoçam como se o que havia ocorrido fosse algo cotidiano. Ao final do almoço Marcos se vira para Makkotto questionando sobre o que havia acontecido e Makkotto pede para que eles andem um pouco que ele explicará, ou tentará explicar tudo que sabe. Eles se levantam, pagam a conta e sem muita pressa saem do restaurante.

         Durante o caminho ambos ficam calados até que Makkotto tenta começar a explicar o que havia ocorrido:

                    Acho que você percebeu que sou um anjo.

                    Acho que sim – Responde Marcos naturalmente.

                    É... realmente eu sou um anjo... - diz Makkotto sem saber o que falar – anjos e demônios não são coisas apenas de lendas ou da bíblia.

                    Você nasceu anjo? - questiona Marcos.

                    Não – elucida o anjo – não exitem anjos 'naturais' desde o Século I, o que há é a transformação de seres humanos em anjos, isso acontece devido a essência que nasce naturalmente no peito das pessoas que amamos, essa essência se desenvolve modificando o DNA até a pessoa se tornar um anjo.

                    Então eu iria virar um anjo com a essência que desenvolvi pela nossa amizade? - Pergunta Marcos com uma calma que foge a compreensão devido as circunstâncias.

                    Não necessariamente – responde Makkotto – Essas essências estão presentes na maioria das pessoas que eu nutro algum valor, mas só uma delas pode se tornar anjo, só pode surgir apenas um anjo, a partir de um outro anjo e aquela pessoa estava tentando tirar de você a essência que transformaria você em anjo.

                    Então ele era um demônio! – conclui Marcos.

                    Acho que não – Responde Makkotto coçando a cabeça. – Algo em mim diz que não era um demônio, se fosse um teria se transformado e a batalha não seria tão fácil assim, além do que, ele tinha uma essência. E não pode existir uma essência da mesma espécie dentro da pessoa, então ele não pode ser um demônio com essência de demônio, mas também acho difícil ser um demônio com essência de anjo, afinal ele estava atrás de uma e só pode existir uma da espécie por corpo, o mais provável é que seja um humano com essência de demônio.

                    Já cogitou a idéia de que não seja nem humano, nem anjo e nem demônio? - questiona Marcos.

                    Até onde sei só existem anjos e demônios no mundo – responde o anjo – temos uma grande relação com a religião, mas hoje não possuímos quase nenhum vínculo com a igreja, já fomos até caçados por eles.

                    Não é nada que me assuste – fala o humano – eu realmente estou surpreso com tudo isso, não parece, mas estou até com medo de você.

                    Eu sou o Makkotto de sempre, aquele seu amigo que você pode contar para tudo, e estou te contando isso porque você é meu amigo e eu confio plenamente em você, eu também não sei o que fazer, sou anjo há quase dois anos e mal sei as coisas sobre mim mesmo e a pessoa que poderia me dar respostas está viajando e eu não tenho contato com ele durante a viajem.

                    A pessoa que te transformou em anjo? - pergunta Marcos.

                    Sim, ele é anjo praticamente desde que nasceu – diz Makkotto – e poderia dizer muito sobre a gente, mas eu conheço alguém que pode ajudar.

                    Existem tantos anjos no mundo assim? - pergunta Marcos meio que desviando do assunto.

                    Não! – responde Makkotto – é que realmente Brasília é um local com muita concentração de anjos, na verdade quase que todo o Centro-Oeste, mas boa parte dos países do mundo não possuem sequer um anjo. Preciso saber de mais coisas, saber se são realmente os demônios que estão atrás das essências, temos que procurar Melchior, preciso falar com ele e levar aquela essência que peguei.

         Nisso durante a conversa, já chegando na rodoviária, Makkotto avista de longe o demônio no qual havia lutado no dia anterior, ele fala para Marcos que já pode ir, porque ele irá resolver alguns assuntos pendentes, eles rapidamente se despedem e o anjo corre atrás do demônio.

5.8.10

1. ANJOS E DEMÔNIOS 1.3. O ladrão de essências


         Ao chegar na empresa, Bruna vem rapidamente ao seu encontro, o abraça apalpando as costas, o que deixa Makkotto um pouco confuso, eles interagem um pouco, ela pergunta se ele está bem e ele diz que sim:

                    Você viu algo de estranho ontem quando nos encontramos e você logo foi embora – pergunta ela, com um certo ar de interesse.

                    Não percebi nada de estranho, porque? - pergunta Makkotto sem apresentar muito interesse – houve algum assalto?

                    Todos que estavam próximos ao prédio viram um anjo – responde empolgada e como se buscasse ouvir algo – você não viu nada? Foi logo após a gente ter se despedido, ele caiu do prédio e voou, foi algo tão... tão surreal.

         Makkotto nega novamente, diz que pode ter sido ilusão coletiva ou algo do gênero, mas Bruna insiste:

                    Sabia que ele era praticamente igual a você? - pressiona a garota – só o cabelo que é um pouco mais longo, e ele tem asas, mas ele se parece muito com você, muito mesmo. Tem certeza de que não viu ninguém?

                    Eu fui com muita pressa para a rodoviária – argumenta o jovem – não percebi nada, me desculpe.

         Quando Bruna iria instigar mais sobre o ocorrido eis que outro jovem professor chama Makkotto que se despede rapidamente de Bruna tentando fugir dela e vai ao encontro dele.

         Makkotto cumprimenta Marcos que é professor de italiano e ambos começam a conversar, visto o entrosamento dos dois percebe-se que são grandes amigos. Marcos chama Makkotto para almoçar ao final do expediente, já que está com muita vontade de comer batatas fritas e Makkotto aceita o convite, de longe Bruna observa Makkotto como se buscasse algo nele, como se soubesse que ele é o anjo que tinha visto caindo do prédio no dia anterior.

         Mais tarde, na saída do expediente, Makkotto espera Marcos na entrada do edifício, Marcos logo chega e ao saírem um homem aparece parado na frente deles, era de estatura baixa, abaixo do normal, com uma incidência um pouco maior de pelos no corpo, cabelos longos, nariz chato e olhos grandes, ele estava os encarando como se quisesse algo, Marcos pergunta se está tudo bem e ele corre para cima dele encostando a mão em seu peito, quando começa a esconjurar palavras. O peitoral de Marcos começa a brilhar, como se uma esfera de luz estivesse saindo de seu corpo, desesperado e sem conseguir se mover ele grita, o que chama a atenção de pessoas próximas, Makkotto sem saber o que fazer parte para cima e com apenas um chute o estranho homem joga Makkotto para longe, Makkotto se levanta e ordena que ele mostre a verdadeira face, a face de um demônio. Porém diferente do que ele imaginava a pessoa não se transforma, e afinca a mão sobre o peito de Marcos. Com o barulho, um grupo de pessoas olha atentamente a cena, quando vemos Bruna no hall do prédio observando tudo.

         As folhas secas próximas de onde Makkotto estava começam a se mexer elas alçam vôo como se tivessem vida própria e começam a rodar sobre o corpo dele que explode correndo para cima do agressor, que cai de um lado e Marcos de outro, o anjo corre e abraça Marcos, ele faz surgir suas asas envolta dele, o homem corre para cima deles e Makkotto pega em seu pescoço, ele olha atentamente e pergunta:

                    Você é um humano?

         Sem responder nada o homem tenta escapar dos braços do anjo que logo percebe algo diferente.

                    Você tentou tirar a essência que meu amigo há muito tempo junta para quem sabe um dia ser um anjo e do nada você vem tentando roubar essa essência? - diz e continua – pelo que percebi, você só faz isso porque possui uma outra essência com você, então não vejo outra alternativa.

         Nisso o pequeno homem começa a gritar, Makkotto envolve suas asas entorno dele e com a mão retira uma essência que estava dentro do corpo daquele homem que caí ao chão. Desesperado, como se tivesse perdido o motivo de estar ali, ele observa sua essência nas mãos do anjo, era como se quisesse chorar, confuso, foge por entre as árvores próximas do local.

2.8.10

1. ANJOS E DEMÔNIOS 1.2. Anjo Vs. Demônio

         Chegando na recepção Makkotto despista a recepcionista e entra no edifício, sobe de elevador até a cobertura onde corre para ver o que está havendo. Ao chegar percebe que uma garota está deitada ao chão, sobre ela um garoto a toca como se quisesse algo. Ao ver tal cena, sua feição amigável e sorridente muda para uma feição que beira o ódio, ele olha atentamente para eles, sua raiva vai se acumulando a cada momento que vê o garoto próximo aquela garota inconsciente e indefesa, que, visivelmente foi atacada e isso o enchia de raiva. Sem se conter ele explode fazendo surgir uma imponente asa em suas costas, e voando vai em direção ao garoto dando um forte soco em seu rosto, ao se levantar vemos a expressão de ódio do garoto que se transforma em um demônio, possuindo uma cauda, adquirindo uma tonalidade meio avermelhada, os olhos flamejantes e com cabelos castanhos, ambos se entreolham atentamente, Makkotto que agora estava com uma imponente asa branca, e o cabelo ainda mais preto, porém um pouco mais longo voa novamente para cima do demônio que se funde ao chão do prédio saindo atrás do anjo e acertando suas costas. Makkotto cai e rapidamente se levanta, o demônio diz que enquanto os anjos tem o ar ao seu favor, os demônios tem a terra, isso faz com que o anjo sinta ainda mais raiva e parta de vez para o ataque, o demônio com raiva também não contém seu ódio:

                    Maldito – diz ele – já não basta você ter tirado a essência que ela possuía, você ainda tem a ilusão de que pode me derrotar? Eu vou te matar e vou vingá-la com minhas próprias mãos.

                    Não perdoarei você, essa é uma guerra em que nós iremos ganhar – diz o anjo sem sequer prestar atenção nas palavras do demônio – vocês não tem o menor direito de fazer o que estão fazendo, os homens não precisam saber o que está ocorrendo entre nós. Se desejam tanto a vingança lutem sem envolver a raça humana.

         Enquanto isso a garota acorda e vê a cena, desesperada ela grita ao se deparar com o anjo e o demônio. Ao vê-la acordada, o demônio parte para cima do anjo jogando-o do prédio, as pessoas que por ali andavam percebem a queda do anjo que alça vôo e volta ao prédio. Perto dali Bruna, que não havia saído do local, observa pasma ao que acabara de ver, as pessoas dali não acreditam e correm em direção ao edifício, ao retornar Makkotto vê a garota gritando com o demônio que já retornou a sua aparência humana, eles choram em meio a discussão, ele tenta se argumentar, dizendo que estava protegendo ela que grita dizendo que não quer ser amiga de um demônio e que não o quer mais vê-lo em sua vida, desesperada, ela corre saindo do local. Com lágrimas nos olhos ele corre em direção a Makkotto, aponta o dedo em sua cara e pergunta o porque dele ter feito aquilo, questiona o ele havia feito para que o anjo tivesse tirado a essência que estava no coração dela. Makkotto tira os dedos da cara dele e diz que eles começaram tirando a essência de pessoas próximas aos anjos, indignado, o demônio afirma que são os anjos que atacam as pessoas com essências e que nessa batalha eles estão apenas se defendendo. Sem se conter ele grita:

                    Ela era minha melhor amiga, você acha que eu faria algo de ruim com ela, porque você tirou a essência que plantei nela? Você destruiu minha vida, minha felicidade e agora eu vou destruir a sua.

         Porém, antes que pudessem reiniciar a batalha eles escutam pessoas se aproximando, rapidamente o demônio se esconde no chão do prédio e Makkotto voa em direção ao estacionamento do edifício, ao chegarem, as pessoas vasculham o local, porém não encontram ninguém e nenhum vestígio, Bruna que também está na cobertura, vai a sacada e vê de longe Makkotto se distanciando pelo estacionamento.

         Ao anoitecer, já em casa Makkotto decide ligar para Gabriel, porém é a mãe dele, Janete, que atende, ela diz que ele viajou em caráter de emergência para El Salvador a trabalho, pergunta ao jovem se ele está bem. Makkotto, frustrado, responde que sim, agradece a atenção e desliga o telefone.

         Já na manhã seguinte ele se dirige ao trabalho, pois uma vez por semana ele precisa ir a empresa para planejar suas aulas, durante o caminho Makkotto reflete as palavras do demônio que o condenava como se fosse ele, o anjo, que estivesse em busca das essências humanas, era como se houvesse um grande mal entendido e que um achasse que o outro estaria atacando, porém, a realidade é que haviam ataques, e na mente de Makkotto esses ataques só poderiam ser de demônios.

31.7.10

1. ANJOS E DEMÔNIOS 1.1. Realidade

         O mundo contemporâneo está em constante evolução, o desenvolvimento tecnológico feito pelo homem muitas vezes o assusta, as coisas se desenvolvem de forma inimaginável, há 50 anos atrás nem existiam grandes centros de compras, o que hoje é comum nas grandes cidades, e é em uma praça de alimentação em um shopping de Brasília, a capital do Brasil, que dois jovens conversam, a população que ali passava mal desconfiava que ambos guardavam um segredo que, se revelado, modificaria a visão que as pessoas tem do mundo, aqueles que passavam e escutavam o pouco falado achavam que estariam brincando ou apenas comentando coisas de filmes ou jogos, porém o mundo não sabia dos segredos que eles guardavam, segredos que mudariam toda a história da raça humana.

         Makkotto, um garoto de cabelos pretos bastante reservado, alto e de boa postura, seus pais sempre foram fãs do Japão e da cultura japonesa, por isso ele recebeu um nome que no Brasil é bastante peculiar, devido a cultura japonesa fluente em casa aprendeu logo cedo o idioma japonês e o aplica fluentemente, sendo inclusive professor em uma escola de idiomas on-line, no alto dos seus 22 anos é um garoto que deseja ter um grande futuro, mas no momento está apenas vivendo o presente sem grandes pretensões a curto prazo, afinal sua vida havia mudado de forma brusca no ultimo ano, e ele ainda estava lutando para entender seu atual propósito.

         Já Gabriel possui uma feição mais séria, loiro dos cabelos cacheados, não é daqueles que conversa com todos, apenas em quem confia, devido o porte e aparência Gabriel consegue trabalhos como modelo, inclusive viajando muito a trabalho, tem problemas de relacionamento com as pessoas por ser um pouco frio e mal humorado, porém com os amigos consegue se mostrar outra pessoa sendo amigo e prestativo quando necessário, gosta da vida que leva pois exige pouco dele. Gabriel guarda junto a Makkotto um grade segredo, porém convive com ele há bastante tempo já tendo um conhecimento maior sobre a real face do mundo.
         Os dois começam a conversa falando de uma possível guerra, que se exposta, acabaria com um segredo que há anos é escondido, ambos traçam planos sobre o que fazer caso a guerra seja exposta. Em meio a conversa, Gabriel se vira para Makkotto e diz que ele não deve participar da guerra, pois era muito importante para a continuidade de todos se ele se poupasse em ações que poderiam ser realizadas por outras pessoas, Makkotto agradece a preocupação mas se mostra indiferente com o pedido.

                    Os anjos não são tão unidos assim – diz Makkotto – mas mesmo assim, se um anjo é atacado eu vou lutar para defendê-lo, independentemente da minha importância.

                    Você sabe que se você for derrotado todos os anjos perderão a habilidade de voar – retruca Gabriel – o elemental é como se fosse a haste que sustenta os outros anjos, caia e eles nos derrotarão.

                    Eu sei disso, mas não sou tão fraco assim, nós nem sabemos ao certo o que está acontecendo, nem motivo dos ataques – argumenta o anjo moreno – na verdade nem sabemos se são eles mesmos que estão nos atacando.


                    E são os humanos que estão nos atacando, e tirando a essência que plantamos no coração de quem amamos? - indaga o anjo loiro - um humano só pode fazer isso se tiver uma outra essência em seu corpo, então é claro que não é um humano. São os demônios, eles retomaram a antiga batalha que foi travada à séculos e é hora de agirmos, precisamos disso, para nos salvar e para proteger quem amamos e só podemos fazer isso se você se proteger, eles buscam isso com algum propósito e esse propósito, pode ter certeza, não é bom.

         Sem argumentos Makkotto se cala e eles ficam assim por algum tempo, ele olha para o relógio e diz que está atrasado para aula, seu amigo ri e diz que ele é muito voado e que não se surpreende com isso. Eles se despedem e cada um segue o seu rumo.

         Indo para casa Makkotto reflete as palavras de Gabriel, ele para em uma faixa de segurança onde encontra, por acaso, com uma amiga de trabalho, Bruna, que tinha acabado de sair de uma consulta médica, eles se cumprimentam, conversam um pouco sobre o trabalho, sobre a vida em si.

         De repente, em meio a conversa, num prédio próximo Makkotto percebe um clarão, ele mostra-se apreensivo com o que viu, rapidamente se despede de Bruna dizendo que se esqueceu do horário de ônibus e que acha que perderá o transporte para casa. Eles se despedem e Makkotto corre em direção ao prédio, sem entender muito Bruna apenas o observa.