Após alguns metros Makkotto toca no demônio que se vira assustado:
– Você? - olha assustado – o que você faz aqui? Está me seguindo? Já não basta o que fez? - indaga com um ar de ódio.
– Olha, não fui eu quem tirou a essência daquela mulher – fala o anjo na expectativa de argumentar – meu amigo também foi atacado, acho que não é nem anjo e nem demônio, nós não estamos lutando entre si, estamos lutando contra um inimigo comum, eu só te ataquei porque achei que você que estava atacando aquela garota.
O demônio olha para ele tentando decifrar o que o anjo tinha acabado de falar, ele pede para irem à um local um pouco menos tumultuado e ouve uma afirmativa do anjo. Ambos seguem para longe da rodoviária e param aos pés de uma árvore.
Envergonhado Makkotto olha para o demônio estende as mãos e com um sorriso amarelado diz:
– Prazer meu nome é Makkotto qual é o seu nome?
O demônio começa a rir achando graça da situação e deixando Makkotto sem entender muito o que estava acontecendo:
– Que bonitinho – diz ele rindo estendendo a mão – Meu nome é Bruno.
Ambos se cumprimentam e Makkotto continua o diálogo.
– Eu queria pedir desculpas pelo incidente anterior, não fui eu que ataquei sua amiga, pensei que era você que estava atacando ela, então a quis proteger.
– Eu acredito em você, aliás, você deu a entender isso, eu que estava de cabeça quente e sem saber o que fazer – diz Bruno com olhar fixo no anjo – não era para eu esperar nada diferente afinal ela tinha conhecido minha face demoníaca.
– Meu amigo também foi atacado – argumenta Makkotto – consegui derrotar o ser que estava o atacando e impedir que roubasse a essência dele.
– Então você sabe quem são? - pergunta o demônio.
– Não exatamente – responde o anjo – ele fugiu, mas sei que não é anjo e nem demônio, é um humano, um humano muito estranho. Um outro anjo muito amigo meu, tem o conhecimento dessas coisas, mas eu não consigo contactá-lo. Existe uma outra pessoa até com mais conhecimento que ele, mas eu não tenho como chegar até ele.
– E porque não anjo? - pergunta.
– Porque não tenho como chegar até ele, ele mora em uma cidade mais ao interior do Goiás, não tenho carro e passagem de ônibus para lá só quando os motoristas interestaduais saírem de greve, e a cada momento que passa mais pessoas podem perder suas essências – responde Makkotto.
– Também quero saber o porque disso – diz o demônio – perdi minha amiga, ela não quer me ver mais e até espalhou que sou um demônio para alguns amigos nossos em comum, apesar de eu achar que eles não vão acreditar, mas se for dinheiro que você quer para chegar até essa pessoa, não se preocupe porque eu tenho e eu te levo a qualquer lugar do mundo, mas eu tenho que ir junto, quero fazer parte disso e sinto o quanto parece ser importante e quero ajudar a acabar com isso, afinal somos seres diferentes e não temos motivos para brigar.
Makkotto sorri e concorda, diz que eles sairão logo de manhã, passa o telefone para Bruno e diz que estará esperando ele na Torre de Tv, ponto turístico de Brasília, eles conversam mais um pouco sobre o acerto do encontro e logo se despedem.
– Você não sabe como estou feliz – diz Bruno - achei realmente que tinha feito alguma injustiça com você e agora ainda sou amigo de um anjo, quem disse que anjos e demônios não podem estar juntos.
Makkotto ri da conveniência da situação e parte. Vemos que momentos depois o anjo tenta entrar mais uma vez em contato com Gabriel, mas a tentativa foi novamente frustrada, então parte para casa, pois sabe que o dia seguinte será bastante decisivo e muito tumultuado.